28-03-2022 Porto da Figueira da Foz quer movimentar 3MT
ENTREVISTA A FÁTIMA LOPES ALVES
A concretização do Projeto de Melhoria das Acessibilidades Marítimas e infraestruturas é essencial para colocar o Porto da Figueira da Foz num outro patamar ao serviço da região, sustenta a presidente da Administração do Porto da Figueira da Foz, Fátima Lopes Alves.
AGEPOR - Quais os desafios atuais do Porto da Figueira da Foz?
Fátima Lopes Alves - O Porto da Figueira da Foz possui uma vertente marcadamente exportadora (cerca de 70% da movimentação total), assumindo-se como extensão logística de importantes indústrias da Região Centro. Com a alteração nas cadeias logísticas internacionais, na sequência da crise pandémica global, os portos de cariz regional assumem um importante papel no contexto da Rede Transeuropeia de Transportes, enquanto solução mais flexível, competitiva e sustentável, voltando à agenda da decisão logística as soluções de Short Sea Shipping.
Com capacidade para atrair novos serviços intermodais, o Porto da Figueira da Foz necessita, por isso, de dar resposta aos desafios dos seus clientes e do tecido industrial da Região Centro.
Neste contexto, os desafios são inúmeros, quer pelos constrangimentos que as cadeias logísticas internacionais atravessam, quer pelos projetos que tem em curso, e que se apoiam em três pilares: melhoria das acessibilidades marítimas, aumento da eficiência operacional, conectividade digital e descarbonização.
AGEPOR - Como é que a Administração do Porto da Figueira da Foz pretende ultrapassá-los?
Fátima Lopes Alves - A concretização do Projeto de Melhoria das Acessibilidades Marítimas e infraestruturas é absolutamente estratégica para este porto crescer e desenvolver-se ao serviço da região.
O projeto representa um investimento estratégico de 18,2 milhões de euros, previsto atualmente no programa PT2030, que tem como objetivo primordial o aumento da dimensão dos navios para 140 metros de comprimento e 8 metro de calado, bem como o crescimento do tráfego portuário para 3 milhões de toneladas/ano.
O projeto contempla o aprofundamento da barra, do canal de navegação e da bacia de manobra e ainda a melhoria dos terminais. Neste momento aguardamos a conclusão dos estudos adicionais de arqueologia subaquática, a submeter à Agência Portuguesa do Ambiente, no âmbito da Declaração de Impacte Ambiental (condicionada), e a aprovação do Portugal 2030, que materializa o Acordo de Parceria entre Portugal e a Comissão Europeia.
Também não podemos esquecer que a conectividade digital e a transição energética são pilares essenciais na agenda da Administração do Porto da Figueira da Foz. A desmaterialização dos processos portuários, iniciada com a implementação da JUL em 2020, aliada ao processo de desmaterialização e simplificação de procedimentos administrativos e organizacionais, estão em curso sendo relevantes para o aumento da eficiência dos serviços prestados pelo Porto da Figueira da Foz, na sua relação diária com os clientes.
Por último, mas não menos relevante, o processo de transição energética, que se iniciou com a renovação de parte da frota operacional, dispondo atualmente de dois veículos elétricos. Complementarmente, encontra-se a decorrer o processo de alteração da iluminação exterior e interior das instalações portuárias, transitando para luminárias LED de baixo consumo energético, contribuindo deste modo para os objetivos de descarbonização traçados por esta administração.
AGEPOR - Como é que a vê o Porto da Figueira da Foz no futuro?
Fátima Lopes Alves - Com a realização dos investimentos indicados, o Porto da Figueira da Foz estará capacitado para dar resposta aos anseios da comunidade portuária da Figueira da Foz e do vasto tecido empresarial da região, melhorando a sua competitividade com mais e melhores ligações marítimas a outros portos, bem como diversificando o tipo de mercadorias movimentadas no porto.
Porém, e para além dos investimentos a realizar, para o desenvolvimento sustentado e próspero do Porto da Figueira da Foz é absolutamente vital a continuidade de uma política de cooperação entre a Administração Portuária, a Comunidade Portuária e as demais entidades públicas da Região Centro.
AGEPOR – Como avalia o trabalho que a AGEPOR tem vindo a desenvolver no porto da Figueira da Foz?
Fátima Lopes Alves - A AGEPOR, enquanto Associação dos Agentes de Navegação de Portugal, é um parceiro fundamental desta Administração Portuária, pautando a sua atuação num ambiente construtivo, de franca disponibilidade e de grande proximidade, o que tem permitido a implementação eficaz de algumas ações mais complexas no Porto da Figueira da Foz.
É possível ilustrar esta atuação séria e eficaz com o processo difícil e complexo de implementação do projeto JUL, com a serenidade que um processo de mudança digital requer, num período complexo como o vivido em 2020, em plena crise pandémica mundial.
Os agentes de navegação são pivots essenciais no processo da cadeia logística, tendo sido sempre parte da solução para os problemas que o Porto da Figueira da Foz enfrentou num passado bem próximo, com os sucessivos assoreamentos da barra, bem como na resolução de problemas com que diariamente se debatem. É por isso justo o reconhecimento que administração portuária da Figueira da Foz tem pela AGEPOR enquanto parceiro diário, fundamental, na construção de consensos e relações mais estáveis e profícuas entre armadores e agentes económicos que utilizam os portos nacionais.
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