Editorial Newsletter Junho / Julho 2022
A tempestade
Tal como um navio numa tormenta, enfrentamos desafios de sinais díspares. Foram raros os momentos nos últimos 70 anos em que se viveram períodos de tanta incerteza e onde os caminhos que se nos deparavam parecessem tão íngremes e tão toldados pelo nevoeiro.
Começando por alterações de âmbito político, como as eleições nos EUA em 2016 e o referendo sobre o Brexit no Reino Unido, que alteraram sobremaneira a forma como o comércio internacional estava desenhado; continuando numa pandemia que mudou a forma de rotação do mundo sobre si próprio; e aprofundando-se numa guerra na Europa cuja duração e consequências ainda estão para se vislumbrar. Vê-se, assim, o nosso mundo fustigado por ventos e correntes marítimas cruzadas tal com os navios dos nossos antepassados a caminho do Brasil e das Índias.
Todas essas vicissitudes resultaram, naturalmente, em fortes sinais preocupantes para a nossa economia, como o encerramento de alguns mercados tradicionais, a falta de fornecimentos essenciais à produção das nossas empresas, desafios na cadeia logística e uma preocupante inflação com impacto direto nos consumidores e na consequente redução do seu rendimento disponível. O impacto é mundial e, logo, de mais difícil resolução do que as crises regionais que temos enfrentado.
Mas há sempre um… no entanto…
No meio da tempestade o navio aguenta, seguindo - à bolina, é verdade - o seu caminho em frente. A economia cresce, novos mercados surgem, o emprego encontra-se num nível alto e o desígnio europeu – agora mais Euro-Atlântico – molda-se, talvez mais firme do que em qualquer momento dos últimos 30 anos. É a força de uma “armada”, à qual pertencemos, que também nos empurra e nos leva em frente.
Como sempre, temos de nos reinventar, de nos adaptar, de moldar o nosso mundo, de aguentar o choque. A resiliência portuguesa, alicerçada em 800 anos de história, de resistência a inúmeros perigos, naturais e humanos, sentido de aventura e de descoberta de novos mundos e de sofrimento quase constante, dá-nos uma das chaves que utilizaremos para navegar até ao horizonte.
O nosso conhecimento, experiência, proatividade e adaptabilidade são as outras chaves.
Se não nos forem fechadas as portas com cadeados artificiais, tais como burocracias excessivas ou interpretações negativas e defensivas dos regulamentos pelas nossas Instituições, seremos, mais uma vez, capazes de sair mais fortes.
Os Agentes de Navegação estarão, como sempre, na linha da frente, desbravando o caminho e encontrando soluções para promover o desenvolvimento da nossa economia e do nosso País. Caminhemos todos juntos para esse objetivo!
João Silva.



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